Dizem que poesia não é qualquer um que escreve, que é coisa
de gente diferente – há quem diga que isso é tarefa de gente que vive no mundo
da lua, em outra dimensão, viajando pelas terras do sentimento, dos sonhos...
Mas e quando alguns versos são capazes de nos dizer sobre acontecimentos e
realidades do nosso cotidiano?
Pensando nisso, os alunos do quarto e do quinto ano – dando
continuidade aos trabalhos com poesia – realizaram a leitura do poema O Bicho, de Manuel Bandeira. Com
palavras simples, uma realidade forte se escancarou diante dos alunos: um homem
que, com voracidade, catava e engolia comida dos lixos.
Dos alunos, muitas perguntas surgiram, como “mas pode poesia
falar disso?”, “isso não deveria estar no jornal?”. E, diante de perguntas como
essa e diante da perplexidade instalada nos corações dos alunos, melhor foi
transformar o espanto em também palavra. Para isso, foi proposto que cada um
desse um novo lugar e uma nova ação para aquele homem-bicho, que cada um, em
versos, solucionasse aquela triste realidade tematizada por Manuel Bandeira.
O bicho tornou-se de tudo: homem alegre, homem rico, comendo
sushi, feliz com sua família... E, no fim, além da nova realidade do homem, a
poesia ganhou também uma nova: os alunos compreenderam que os versos não dizem
de coisas distantes de nós, aprenderam que cada palavra de um poema guarda a
força de nos dizer da nossa própria vida, do nosso mundo.
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