quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Criança: ser do mundo, ser no mundo



Para comemorarmos a infância – esse primeiro momento e essa primeira chance de riqueza no coração e nos olhos a verem o mundo e as palavras – um dia somente não basta. Foi pensando nisso que os alunos do quarto e quinto anos continuaram a pensar sobre o que é ser criança, mesmo passado o dia 12 de Outubro. Já pensando em futuras histórias sobre o ser criança (histórias cujos efeitos e atividades logo poderemos ver nesse blog), os educandos vivenciaram nessa semana um momento para pensar, por meio de palavras e desenhos, o que é a infância para cada um deles. 


Em uma folha em branco, fizemos o convite para que, ali, despejassem tudo o que dava sentido a esse momento tão mágico e lúdico da vida. O resultado não poderia ser outro: do mundo dos piões ao mundo dos games, das princesas da Disney às personalidades dos canais de Youtube, dos amigos à família, da leitura ao futebol – muitas foram as substâncias a dar forma e sentido ao ser criança.  





Dia do Professor, ou: feliz escola, feliz gente



Em comemoração ao Dia do Professor (15/10) , os alunos do terceiro ano puseram os afetos nas mãos e deram asas à palavras e a desenhos de gratidão aos professores do Coluni. 
Como não é raro acontecer na nossa Sala de Leitura, a surpresa se fez presente e a atividade superou as expectativas: muitos logo estavam a escrever e a desenhar para algum estagiário, um bolsista, para os que nos ajudam na limpeza e na cozinha...

 
Em folhas na horizontal ou na vertical, com palavras em letras redondas ou com desenhos coloridos, pelo mundo dos games ou dos próprios espaços da escola, enfim, das tantas formas de oportunizar os afetos, os nossos alunos, todos, apresentaram algo em comum: a gratidão. Com essa atividade, fomos capazes de perceber que a gratidão é sentimento de partilha que atinge a todos, bastando a nós, educadores, acessar gentilmente com uma linguagem de afeto o coração de cada um desses alunos. 
Feliz dia dos professores e, sobretudo, feliz dia de ser: na escola.


terça-feira, 18 de outubro de 2016

Mostra de Iniciação à Docência (MID) 2016

A Sala de Leitura mais uma vez se fez presente na Mostra de Iniciação à Docência (MID) da Universidade Federal Fluminense (UFF), evento integrante da Agenda Acadêmica da Universidade.
No último dia 17, os bolsistas da Sala de Leitura - Monique Rohem, Nícolas Tadashi e Rosana Resende - apresentaram Sala de Leitura: relato de experiência, uma recolha dos principais projetos realizados por eles, sob orientação das coordenadoras - Ilana Rebello e Sabrina Vianna -, nas turmas do Ensino Fundamental I.
Durante vinte minutos, nossos bolsistas expuseram à banca e aos demais presentes o quão importante é o trabalho desenvolvido na Sala de Leitura, destacando que a busca por despertar o prazer da leitura e da expressão nos alunos vem sim sinalizando resultados e frutos gratificantes e enriquecedores.
Vamos conferir algumas fotos da apresentação:

os bolsistas Monique, Nícolas e Rosana (da esquerda para direita)


nosso bolsista Nícolas Tadashi 


nossa bolsista Monique Rohem

nossa bolsista Rosana Resende 

nossos bolsistas com as coordenadoras da Sala de Leitura, Sabrina Vianna e Ilana Rebello (da esquerda para direita) 

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Afinal, quem é Chapeuzinho Vermelho?

Muitos de nós conhece a clássica história da Chapeuzinho Vermelho, do início ao fim. Mas, e se de repente tivéssemos a chance de criar um novo final para essa história? E foi justamente isso que os alunos da turma 301 puderam, nas últimas semanas, realizar, convocando cores e imaginação.
A atividade começou com uma conversa a respeito da história mais conhecida. Em seguida, apresentamos o livro A verdadeira história de chapeuzinho vermelho, de Agnese Baruzzi e Sandro Natalini, do qual realizamos uma leitura. Os alunos se comportaram muito bem e até participaram da leitura, tanto interagindo enquanto contávamos quanto lendo, eles mesmos, algumas partes. Já em um outro momento de encontro nosso, relembramos a história contada e pedimos que criassem, com palavras e com desenhos, um novo final. Folha, lápis de escrever, lápis de cor, hidrocor, giz de cera... tudo a serviço dos afetos e da imaginação.
Cada uma com sua especificidade, os desenhos ilustraram os mais diversos sentimentos e visões, apresentando desde nuvens coloridas à armas de fogo.Destacamos que esses desenhos nos ajudaram, e nos ajudam, a compreender um pouco mais sobre a leitura de mundo que fazem, sobre a leitura da realidade cotidiana que cerca cada um deles. Eis um exemplo feliz de como a liberdade e a imaginação são capazes de abrir portas para a leitura do mundo em que vivemos.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Outras linguagens: outros livros, mas ainda histórias

Percorrer os olhos atentamente pelas palavras e ir, com elas, criando sentidos e emoções talvez seja a maneira mais comum de leitura que circula entre nós. Mas, será a única? Será mesmo que só com a palavra escrita se pode contar uma história? Como promover uma relação de diálogo entre livros e sujeitos que ainda estão a dar os primeiros passos nessa incrível aprendizagem que é começar a ler? Foi pensando nisso que, nas últimas semanas, desenvolvemos e aplicamos um projeto com as turmas de primeiro e segundo anos a partir da contação de histórias e proposta de atividades de livros que abordassem outras linguagens.


Um dos livros escolhidos foi O livro com um buraco no meio, de Herve Tullet. Com ele, exploramos a possibilidade de se entrar em um contato mais efetivo com o objeto livro, além de abordarmos o fato de que existem outras formas de se ler um livro. Outro assunto questionado pelos alunos foi o fato do livro ter um buraco no meio e mesmo assim ter passado uma história para eles - o que aproveitamos como mote para desenvolver a mensagem de que um livro pode ter muitas formas de se apresentar.
Outro livro que convocamos para esse nosso projeto foi A fábula das três cores, de Ziraldo. Nele, a cor foi uma linguagem que imaginávamos ser muito eficiente para comunicar sentidos para as crianças, o que realmente vimos se realizar de maneira feliz e enriquecedora. Destacamos ainda que, com esse livro, uma maneira de se contar a história do Brasil foi percebida pelos alunos, gerando momentos de discussão a respeito das festividades nacionais (como o carnaval), de momentos históricos importantes (como a extração do ouro) e da bandeira nacional.
As atividades, para ambos os livros, se dinamizaram em torno do produção de desenhos. A partir de O livro com um buraco no meio, por exemplo, solicitamos que eles também criassem uma página para o livro em uma folha na qual também confeccionamos um buraco no meio.


Percebemos, então, que, nesses momentos iniciais, é possível levar a esses alunos mensagens de que um livro pode se apresentar de diferentes maneiras e com diferentes formas de se comunicar. Seja com a palavra, com a cor ou com a forma, o que vence, ao fim, é o encantamento por uma boa história e a partilha de afetos.

Lançamento do livro "Leitura e formação do leitor: cinco estudos e um relato de experiência"

A Sala de Leitura, continuando sua história de se fazer presente em tantos lugares para além do seu espaço físico no Colégio Universitário Geraldo Reis, ganhou mais um lugar de acontecimento: na última quarta-feira (21/09/16), ocorreu o lançamento do livro Leitura e formação do leitor: cinco estudos e um relato de experiência, organizado por André Dias, Beatriz dos Santos Feres e Ivo da Costa do Rosário. O livro foi resultado de um projeto dedicado a pensar a Sala de Leitura em diálogo com a sala de aula, e desenvolvido na própria escola em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF). Vamos conferir o que diz um pouco do livro em sua Introdução:

Com a ideia de estabelecer uma parceria entre pesquisadores da Universidade Federal Fluminense e professores do Ensino Fundamental e Médio, realizou-se um contato com os profissionais do Colégio Universitário Geraldo Reis/COLUNI-UFF. Chamou à atenção do grupo a qualidade do trabalho desenvolvido na sala de leitura e, em seguida, a abertura desses profissionais para iniciar uma "aventura" que aliaria formação continuada, aplicação prática de reflexões teóricas, melhorias do aspecto material e do acervo da sala de leitura. (2016, pág. 7)

Os encontros dedicados a discutir o lugar da leitura na contemporaneidade escolar se provaram como um grande sucesso, repleto de público e partilha de conhecimentos. Com o livro, não poderia ser diferente. O resultado de todo esse projeto, conta com artigos não só dos organizadores como também de Patrícia Ferreira Neves Ribeiro e Silvia Maria de Sousa, também docentes da Universidade. Além disso, há ainda um relato de experiência tecido pelos professores Luiz Fernando Lima Braga Júnior e Aldaléa Figueiredo dos Santos - esta, coordenadora da sala de leitura desde a sua inauguração até o ano de 2015; aquele, professor de literatura brasileira e língua portuguesa do COLUNI/UFF.

A Sala de Leitura ganha mais um espaço especial para registrar a sua importância enquanto lugar de provocação de leitura e de afetos nos alunos do Colégio Universitário Geraldo Reis. Esse livro mais uma vez confirma os dizeres que a Sala de Leitura vem intentando fazer serem escutados ao longo de sua história: a leitura é lugar de partilha, lugar de fazer do conhecimento ação que nasça da parceria e dos sentimentos.

Vamos conferir algumas fotos do lançamento, ocorrido no espaço Reserva Cultural, em Niterói:

Nossa atual coordenadora da Sala de Leitura, Sabrina Vianna (esq.), com uma das autoras, Patricia Neves Ribeiro (dir.)

Da esquerda para direita: Beatriz Feres, Ivo do Rosário, Patricia Neves Ribeiro, Silvia Sousa, André Dias e Aldaléa Figueiredo

Parte dos autores na mesa de autógrafos

Aldaléa Figueiredo, coordenadora da Sala de Leitura desde seu início até 2015



referência bibliográfica: FERES, Beatriz dos Santos; DIAS, André; ROSÁRIO, Ivo da Costa do. Leitura e formação do leitor: cinco estudos e um relato de experiência. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2016.

 

sábado, 24 de setembro de 2016

O final de um livro em partilha e imaginação



Na última terça-feira - 20/09/16 -, os alunos do primeiro ano mais uma vez puseram a imaginação para funcionar a todo vapor. Os alunos ouviram a história João Felizardo, o Rei dos Negócios, de Angela Lago. Mas... Não ouviram a história por inteiro. O final se tornou um mistério, pois não o contamos: era a vez deles serem autores em partilha com o livro. Cada um recebeu a proposta de contar, por meio de um desenho, o que haveria no final da história. E assim fizeram! O resultado foi uma mistura de cores e sorrisos e a certeza de que o livro é ainda mais rico nesse estado e nesse lugar de partilha e afetos.



O mistério de toda capa de livro

Todo livro é um mistério, e dos mais bonitos. A capa de um livro é um desses lugares (um dos primeiros) por onde se iniciam esses chamamentos aos potenciais leitores para que descubram os mundos ricos de linguagem que estão logo depois daquela capa.



Pensando nisso, na última terça-feira - 20/09/16 - os alunos do segundo ano realizaram uma atividade baseada no livro João Felizardo, o Rei dos Negócios, de Angela Lago. A partir apenas da capa, cada aluno criou uma desenho que representasse a sua leitura do que ele imaginava que aquela história poderia contar. Se uma capa comunica a história que vai contar, assim também quisemos que acontecesse com essa atividade: pela imagem, um diálogo com a história e com a imaginação.

Um convite: partilha, (re)começos




A leitura é feita de silêncios e algazarras, demoras e ansiedades. O tempo de leitura nunca se interrompe - seja em sua ação efetiva de percorrer os sentidos pelas palavras, ou pelas imagens ou sons, seja pelo o que ecoa no coração e na mente: na memória afetiva. 

Assim também é a Sala de Leitura, lugar que nunca para e nunca cessa. Não é sempre que estamos aqui - nas redes sociais, com esse nosso blog, ou o canal no YouTube, ou em nossa página no Facebook -, mas nunca paramos: com as turmas do fundamental I e II, a Sala de Leitura é, semanalmente, lugar de partilha e de afetos. Leitura de mundo e de palavra, para lembrarmos Paulo Freire.
Ler é chance de convidar a si mesmo e ao outro a momentos de sensibilidade e compartilhamento. E é isso que novamente também queremos aqui realizar - um convite, ou melhor, um reforço de um convite que nunca deixamos de fazer: que estejamos sempre juntos, em partilha de leituras e de notícias. Ler, em nós.

"O Tempo no Jardim", o tempo da poesia

Durante as últimas semanas, as turmas do quarto e quinto anos puderem dar às mãos para dançarem a ciranda da poesia. Vamos conferir como foi?

Com o poema “O Tempo no Jardim”, de Cecília Meireles, os alunos receberam a proposta de uma atividade dividida em duas partes: a primeira consistia em leitura e comentários acerca do poema, para que, então, eles pudessem fazer um desenho que se relacionasse com o tema do poema. A segunda parte consistia na composição de uma estrofe que também se relacionava com a temática do poema.

Na turma 401, a leitura do poema foi feita em voz alta por quatro alunos que se dispuseram a ler individualmente cada estrofe, enquanto que, na turma 501, por sugestão dos próprios alunos, a leitura do poema aconteceu coletivamente. Com relação aos comentários dos alunos sobre o poema, a turma 501 foi um pouco mais receptiva, isto é, não houve grandes dificuldades para aqueles tomarem a iniciativa de compartilhar suas opiniões e seus entendimentos a respeito do que fora lido. Em contrapartida, a turma 401 não foi tão receptiva e levou mais tempo para que iniciassem suas conclusões - mas isso apenas no início. Em ambas as turmas, demos um pequeno vocabulário para que não houvesse dúvidas.


O poema carrega certa nostalgia ao tratar de um lugar que evoca tristes memórias. A partir dessa discussão, a segunda parte da atividade foi proposta: fora pedido aos alunos, tanto do quarto quanto do quinto ano, que desenhassem então um lugar que os deixasse feliz, ou trouxesse boas lembranças. Uma grande parte das turmas destacou, de fato, um lugar físico que, associados com algumas ações como brincar, ou passear, por exemplo, evocava boas memórias e/ou sentimentos. Porém, vale ressaltar que alguns alunos de ambas as turmas, por meio de seus desenhos, expressaram suas boas memórias a partir de uma ação propriamente, como viajar, ou um lugar que não especificamente era físico, senão uma cena de um jogo de videogame. A parte dois da atividade, que consistia na construção de uma estrofe de quatro versos com rimas entre si, foi a mais trabalhosa. De início, parecia que os alunos não responderiam bem à proposta, visto que a preferência das turmas é de atividades que envolvam desenhos livres. Todavia, apesar de significativas dificuldades para encontrar palavras que rimassem, é preciso ressaltar que algumas estrofes foram bem elaboradas, dentro do que pedia a atividade! Além disso, uma surpresa: alguns alunos da turma 401 não apenas compuseram uma estrofe que retratasse o desenho, compuseram músicas, apresentando rimas e com mais estrofes do que a proposta inicial pedira. Na turma 501, também houve casos em que os alunos compuseram além do que fora pedido e acabaram por construir poemas.

Por fim, percebemos que a poesia mais uma vez conseguiu vencer: acessou corações, ritmou partilhas e provocou grandes belezas na nossa Sala de Leitura.