Percorrer os olhos atentamente pelas palavras e ir, com elas, criando sentidos e emoções talvez seja a maneira mais comum de leitura que circula entre nós. Mas, será a única? Será mesmo que só com a palavra escrita se pode contar uma história? Como promover uma relação de diálogo entre livros e sujeitos que ainda estão a dar os primeiros passos nessa incrível aprendizagem que é começar a ler? Foi pensando nisso que, nas últimas semanas, desenvolvemos e aplicamos um projeto com as turmas de primeiro e segundo anos a partir da contação de histórias e proposta de atividades de livros que abordassem outras linguagens.
Um dos livros escolhidos foi O livro com um buraco no meio, de Herve Tullet. Com ele, exploramos a possibilidade de se entrar em um contato mais efetivo com o objeto livro, além de abordarmos o fato de que existem outras formas de se ler um livro. Outro assunto questionado pelos alunos foi o fato do livro ter um buraco no meio e mesmo assim ter passado uma história para eles - o que aproveitamos como mote para desenvolver a mensagem de que um livro pode ter muitas formas de se apresentar.
Outro livro que convocamos para esse nosso projeto foi A fábula das três cores, de Ziraldo. Nele, a cor foi uma linguagem que imaginávamos ser muito eficiente para comunicar sentidos para as crianças, o que realmente vimos se realizar de maneira feliz e enriquecedora. Destacamos ainda que, com esse livro, uma maneira de se contar a história do Brasil foi percebida pelos alunos, gerando momentos de discussão a respeito das festividades nacionais (como o carnaval), de momentos históricos importantes (como a extração do ouro) e da bandeira nacional.
As atividades, para ambos os livros, se dinamizaram em torno do produção de desenhos. A partir de O livro com um buraco no meio, por exemplo, solicitamos que eles também criassem uma página para o livro em uma folha na qual também confeccionamos um buraco no meio.
Percebemos, então, que, nesses momentos iniciais, é possível levar a esses alunos mensagens de que um livro pode se apresentar de diferentes maneiras e com diferentes formas de se comunicar. Seja com a palavra, com a cor ou com a forma, o que vence, ao fim, é o encantamento por uma boa história e a partilha de afetos.
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