segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

O Bicho, de Manuel Bandeira

Dizem que poesia não é qualquer um que escreve, que é coisa de gente diferente – há quem diga que isso é tarefa de gente que vive no mundo da lua, em outra dimensão, viajando pelas terras do sentimento, dos sonhos... Mas e quando alguns versos são capazes de nos dizer sobre acontecimentos e realidades do nosso cotidiano?
Pensando nisso, os alunos do quarto e do quinto ano – dando continuidade aos trabalhos com poesia – realizaram a leitura do poema O Bicho, de Manuel Bandeira. Com palavras simples, uma realidade forte se escancarou diante dos alunos: um homem que, com voracidade, catava e engolia comida dos lixos.


Dos alunos, muitas perguntas surgiram, como “mas pode poesia falar disso?”, “isso não deveria estar no jornal?”. E, diante de perguntas como essa e diante da perplexidade instalada nos corações dos alunos, melhor foi transformar o espanto em também palavra. Para isso, foi proposto que cada um desse um novo lugar e uma nova ação para aquele homem-bicho, que cada um, em versos, solucionasse aquela triste realidade tematizada por Manuel Bandeira. 

O bicho tornou-se de tudo: homem alegre, homem rico, comendo sushi, feliz com sua família... E, no fim, além da nova realidade do homem, a poesia ganhou também uma nova: os alunos compreenderam que os versos não dizem de coisas distantes de nós, aprenderam que cada palavra de um poema guarda a força de nos dizer da nossa própria vida, do nosso mundo.